O pão era feito na sexta-feira, quando havia algum imprevisto, no sábado. Cedo da manhã minha mãe vinha de casa, entrava pela entrada do tanque e se dirija à dispensa para preparar o fermento, ou já o trazia preparado de casa, e iniciava a fazer, e depois sovar, as massas. Enquanto a massa do pão crescia, ela providenciava a massa das roscas de nata e a vó Cinda preparava a massa do pão de milho. Esse pão de milho era uma massa mole, quase uma polenta, colocada com uma concha sobre a fôrma, depois de assado ficava com aparência de um bolachão. Era o pão para os empregados, além de mais nutritivo, durava mais. Lili era requisitada para ajudar fechar as roscas de nata com as pontas dos dedos e levar as fôrmas para colocar sobre a mesa da casa do forno. Minha mãe fazia também biscoitos com a mesma massa do pão, que o pessoal da casa consumia logo que saia do forno, o famoso pão quentinho para o café da tarde. Ela ainda preparava pãezinhos especiais para as crianças com formatos de bichinhos, decorados com olhos de feijão: pombinhas, lagartos, corujas. As roscas, biscoitos e o pão de ló, cortado em quadradinhos e torrado, se guardava nas latas decoradas com figuras de passarinhos sobre um fundo branco e adornadas lindamente com tampas vermelhas. As latas ficavam guardadas no armário azul calipso localizado na passagem da cozinha para quarto da vó Cinda.
Lili se deliciava com queijo, mel e o pão caseiro na casa da vó Xiruca. Na porta dos fundos da cozinha, havia um forno que lembrava o modelo da casa dos esquimós. Ele ficava bem alto do chão, porque eu não alcança, parecia pequeno, mas vó Xiruca fazia nele os pães para alimentar sua numerosa família. Como lá na casa da vó Cinda, na casa da Vó Xiruca também se fazia outras massas, como as das roscas de leite em um formato em que a massa era de uma rosca torcida, eram macias e crocantes ao mesmo tempo. Guardei o sabor desta receita no meu paladar para sempre.
Já as roscas de nata da minha mãe eram doces e quando se mordia elas esfarelavam na boca de tão macias, ideais para acompanhar um chá ou um café, feitas com: uma xícara de nata, duas xícaras de açúcar, um ovo, uma pitada de sal, uma colher de manteiga, uma colher de chá de sal amoníaco e farinha até dar o ponto de modelar as roscas. Essa receita traz um aroma adocicado daquelas tardes em que transformávamos a dispensa e casa do forno em uma padaria, pães para o café da manhã do pessoal da casa, para nós lá de casa e para a vó Cinda. O pão de ló, os biscoitos e roscas para as visitas e o pão de milho para os empregados. Todos saboreavam as delícias daquelas fornadas semanais, do dia de fazer o pão.
Também tenho saudades desses dias de agitação em casa....Parabéns, Eliana!
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